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Arquitetura da velhice

Miércoles, 18 de Febrero de 2009
Recortes de prensa

Diário do Nordeste
EDITORIAL (8/2/2009)

Na última década, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos cresceu 47,8%, o equivalente ao aumento de 21,6%, levando-se em conta toda a população do Brasil. O País tem mais de 20 milhões de pessoas acima de 60 anos, somando em torno de 10,5% do total de habitantes.

Como razões desse aumento são apontadas a queda verificada nas taxas de fecundidade e a subida em relação aos níveis de expectativa de vida. Afirmam os estudiosos dessa mudança que ela representa um fenômeno destinado a mudar substancialmente a realidade nacional, obrigando a adoção, a exemplo de outros países, do que se convencionou chamar “arquitetura da velhice”.

Cada vez mais, nas cidades, residências e edifícios serão construídos com as necessárias condições para a adequada locomoção e permanência de idosos. Dentro desse contexto, existirão mais rampas no lugar de escadas, banheiros dotados de barras de apoio e maçanetas de portas fáceis de serem manuseadas. Os pisos, inclusive das calçadas dos logradouros públicos, deverão ser antiderrapantes e sem desníveis, algo completamente diverso do que ocorre atualmente, só para citar um exemplo próximo, com as calçadas das ruas e praças de Fortaleza. Na Capital cearense, os locais de locomoção humana são repletos de mudanças bruscas de nível e imensos buracos causados pela deterioração, agravada pela crônica falta de reparos. O anunciado alargamento de calçadas em algumas ruas citadinas talvez possa já representar um bom começo, ou assinalar sinais de mudança, no tratamento dado aos caminhos destinados a pedestres.

Outra das conseqüências positivas do aumento da população brasileira enquadrada na Terceira Idade é a inserção de idosos no mercado de trabalho, tanto formal como informal, e nos serviços voltados para viagens e lazer, inclusive aqueles que incluem programações e intercâmbios culturais. De acordo com o Ministério do Turismo, desde a criação do programa Viaja Mais Melhor Idade, há pouco mais de um ano, já foram vendidos cerca de 190 mil pacotes turísticos. No campo da saúde, há urgência no fornecimento de recursos para pesquisas médicas, no sentido de assegurar caráter saudável e melhor qualidade de vida aos mais velhos. Também se requer a expansão dos serviços de apoio aos responsáveis pelos cuidados com o idoso, a fim de evitar a presença de indivíduos despreparados para esse tipo de atuação, prejudiciais às frágeis pessoas entregues à sua assistência.

Revela uma evolução projetada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que, dentro de duas décadas, o Brasil estará com uma população de aproximadamente 55 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Com o Estatuto do Idoso, considerado por especialistas como um dos mais perfeitos documentos do mundo em seu gênero, faz-se necessária, em paralelo, uma firme decisão política dos governos, para que se concretizem, no futuro, projetos hoje articulados em favor de um mundo melhor e mais justo em relação a todas as faixas etárias.