24 de Janeiro- Dia Nacional dos Aposentados. Jubilar no Estado do Tocantins: alternativa de vida ou de morte?

Miércoles, 24 de Enero de 2007

Canal: Recortes de prensa


Profa. Neila Barbosa Osório - Presidente do Conselho  Estadual da Pessoa Idosa do Estado do Tocantins e Coordenadora da UMA/UFT neilaosorio@uft.edu.br
Luiz Sinésio Silva Neto - Vice-Coordenador e docente da UMA/UFT e do Curso de Cuidadores de Velhos/UFT. luizneto@uft.edu.br


    A data de 24 de janeiro se comemora o dia Nacional dos Aposentados e os autores deste inciso, se vêem na obrigação de avaliar os direitos dos aposentados que reivindicam a sociedade: "Eu estou aqui e faço parte da comunidade!".

    Vivemos numa coletividade onde a idade e o tempo de vida não conferem precedência, nem garantem um espaço social. Fazemos a pergunta ao povo: Como está acontecendo o envelhecimento no Estado do Tocantins?

    Sabemos da dificuldade material e qualidade de vida dos cidadãos que ao longo de 30, 35 anos da sua vida ativa contribuíram mensalmente para a Previdência Social. Porém, não foi previsto o aumento da expectativa de vida dos aposentados e que fossem sobreviver em média cinco a seis anos.

    A conseqüência destes fatos é o empobrecimento sistemático deste público alvo, a dificuldade para manter a qualidade da sua vida e o entusiasmo pela existência quando o futuro está carregado de incertezas.

    O sujeito que gloriosamente construiu a sua família, criou e emancipou os seus filhos atualmente corre o risco de voltar à tutela dos seus próprios filhos.

    No Estado do Tocantins, 80% dos aposentados recebem menos de três salários mínimos segundo Antonio. Pereira dos Santos - Presidente Estadual dos Aposentados do Estado, membro do Conselho Estadual da defesa dos direitos da pessoa idosa e aluno da Universidade da Maturidade/UFT.

    Quase 60% dos aposentados voltam a trabalhar e a necessidade é o principal motivo para retorno ao mercado de trabalho, 10% exercem uma atividade por conta  própria. A maioria não está mais atuando na mesma área na qual trabalhava antes de se aposentar.

    A análise mostra que 6% voltaram a exercer alguma atividade profissional, 16 % está ganhando mais do que o valor da pensão. Os aposentados listaram os gastos que mais consomem a renda deles. A alimentação lidera o ranking, seguido por remédios e aluguel.  .

    Apesar de 60% garantirem que não têm nenhuma doença crônica, 50% dos que têm alguma enfermidade fazem algum tipo de tratamento médico contínuo e gastam, em média, 60% com remédios; em sua maioria genérica.

    Algumas informações curiosas sobre a vida de quem já se aposentou: 75% são responsáveis pelos netos. Os homens nos finais de semana costumam pescar e as mulheres permanecem na rotina doméstica. Não há programação de lazer entre a maioria dos casais aposentados.

    Na Universidade da Maturidade da Universidade Federal do Tocantins segundo pesquisa realizada pelas alunas Carmem da Silva Theofilo, Ilzalete Cordeiro e Elida Costa da Universidade da Maturidade/UFT narram que 75% dos aposentados que freqüentam as aulas voltaram ao emprego formal, 70% são do sexo feminino e recebem uma renda de dois salários mínimos.

    No Serviço Social do Comércio/SESC a coordenadora e pós graduanda em gerontologia/UFT Leda Santana, conta que os aposentados que freqüentam as atividades estão entre 55 a 60 anos, 61% possuem renda entre 04 a 06 salários mínimos, 7% são micro empresário e 15% recebem Beneficio de Prestação Continuada.

    Os autores deste artigo concluem que o grande equívoco na sociedade tocantinense é a qualificação social do aposentado; ou seja, o respeito pela sua existência social, tantos dos direitos, como a das funções sociais que cada habitante da cidade tem.

    Nossa cultura é pouca receptiva para com os velhos, sendo que até o ano 2020 o país será uma das nações que mais rapidamente envelhecerá.

    Como a sociedade espera receber esse contingente de velhos? Com escárnio e ironia, ou com grande respeito? Ela tem oscilado entre esses dois comportamentos.

    De acordo com os aspectos apresentados podemos vislumbrar duas possibilidades para os "futuros aposentados tocantinenses"

    Sujeitos competentes que, apesar das suas limitações físicas e perda de alguns espaços sociais, poderão ser alguém, senão economicamente produtivo socialmente produtivo. Devemos investir na cultura, experiência existencial, necessidades básicas dos eméritos.

    Assim decorrendo serão no amanhã um autêntico patrimônio da nossa sociedade. Entretanto, se continuarmos a considerar a aposentadoria como um tempo apenas de perda, de decadência, de desocupado, de desperdício e de equívoco, então eles continuarão sendo visto como um peso, e sua experiência um farol iluminando para trás.

    Considerando esses dois possíveis cenários, é importante que tenhamos a consciência plena o tempo da nossa aposentadoria ela terá que ser um tempo de luta.

    O aposentado não pode se omitir mais e se isolar em sua casa. Tempo de luta não é, obviamente, uma batalha armada; não apenas uma ação política; mas de presença.

    Estamos aqui nessa sociedade para experimentar, para compartilhar, para defender e para dividir.

    A responsabilidade de todos no era do aposentar, é a de trabalharmos para que a sociedade possa realizar a cidadania de quem jubilou e tem algumas ou muitas dificuldades materiais e físicas, porém, trazem a nobreza de espírito e força interior. O tempo urge Tocantins!